Feliz Pizza!


Dia dez de julho, o calendário se voltará irônico ao Brasil e o acaso nos sorrirá, deixando escapar uma gargalhada jocosa. Sim, pois, por uma daquelas coincidências que mais parecem ser caprichos divinos, o décimo dia do sétimo mês do calendário gregoriano vem sendo dedicado à Lei Mundial (e aí não se exclui Brasília) e à Pizza.
A pizza (para os napolitanos, picea) se tornou íntima dos italianos, pois era alimento destinado às classes humildes do sul da bota, mas tem a honra de sua concepção disputada por egípcios, gregos, babilônios e hebreus. O disco de massa assada com ingredientes por cima chegou ao estômago do rei Humberto I de Itália, e dali ganhou o mundo.
Da primeira pizzaria, a Port’Alba, ao desembarque junto aos imigrantes no Brasil, a pizza se revelou de preparos mil e ganhou lugar tanto em mesas nobres quanto humildes. O cotidiano de São Paulo e a massa se confundiram de tal maneira que os encontros amigáveis por fins de celebração e acordo acabavam ao redor de uma suculenta pizza.
Por imaginar que no Congresso os encontros entre aliados por conveniência acabem da mesma forma festiva, se convencionou dizer que as acusações a que eles deveriam responder — mas optaram por ignorar pelo bem da classe — acabaram em pizza.
Em pratos limpos, quer dizer que a Lei foi descartada, deixada no pratinho das bordas, enquanto um bando de criminosos, amigos até que isso seja conveniente, se uniram para manipulá-la em favor próprio. A expressão se tornou cotidiana e, nesses últimos anos, os brasileiros ouvem falar tanto em pizza no sentido figurado que podem acabar por se esquecer da iguaria italiana, o disco de massa assada com ingredientes por cima.
Enfim, ao que me motiva: feliz dia dez, feliz pizza! Que todos os nossos desejos se realizem! Daqueles que prezam pelo bem da justiça àqueles que anseiam o conforto do colarinho-branco, passando, é claro, pelos que pediram uma pizza de calabresa há mais de uma hora.