Que Seja, Revolução

Non bene pro toto libertas venditur auro

A rosa e a embriaguez virão contra os muros brutalmente sóbrios. Comporemos hinos afetados por esta nossa revolução repentina. Os sorrisos parecerão diplomáticos enquanto se arrancarem os dentes pela raiz.
Pela brandura e pureza da liberdade, enodoaremos de sangue nossas modernas avenidas. Ergueremos mártires instantâneos de vernizes vistosos e conteúdo oco. Os machados laborarão e os alicates arrancarão cada unha por vez, a começar pelo dedo mindinho.
Em busca de inimigos, reviraremos condomínios e cemitérios reacionários. Derrubaremos toda porta que se fechar à guerrilha constitucional. À ordem será permitido que moa pés que tentarem fugir e quebre joelhos que não se curvarem.
Pela fé que nos faz crer que a liberdade nascerá prematuramente, e cegos pela luz do novo mundo, declararemos independência de nosso futuro egocêntrico. O breu que tomará as ruas após as dez da noite cegará as almas. Por fim, conformar-nos-emos todos pela paz.