Larry Flint

Quid pectunt qui non habent capillos?

Por ser solitária e despretensiosa, a pornografia parece ter sido feita sobre medida para minha adolescência. Não me lembro do primeiro contato, mas acredito que tenha sido arrebatador. Logo, eu me jogaria sobre revistas como se cresse ser possível dar prazer às mulheres de celulose. Em momentos desvairados, dedicaria toda uma semana a tarefas despropositadas, como ejacular em cada canto da casa, carregando minhas coleções obscenas por todo lado.
Por pudor, quando concebia fantasias pervertidas demais, tinha coragem apenas de me imaginar me masturbando ao ideá-las. Eu costumava roteirizar filmes pornográficos estrelados pelas meninas de minha classe, e aquelas pelas quais eu cultivava paixões ganhavam papéis de destaque. Numa confusão entre o cotidiano e o delírio, suas atuações fabulosas contrastavam com o respeito que eu lhes prestava como colegial enamorado.
Era adepto de uma certa sexualidade platônica, e ficava especialmente excitado quando os moleques da classe realizavam concursos em que confrontavam os dotes das garotas. Eu ganhava papel de destaque e redigia regras lúcidas e convenientes ao certame. Era uma oportunidade única – quando um voyeur poderia tocar o objeto de seu fetiche por alguns momentos sem ser detestado por tanto.
Perereca Que Pula Mais, Mina Que Nunca Pegarei, Miss Colegial 2000. Tamanho era meu reconhecimento, análogo ao sucesso dos concursos, propagado por todos os três corredores, que as raparigas menos favorecidas, por ver uma oportunidade de se tornarem populares ao serem expostas junto às aclamadas, tratavam, tanto essas quanto aquelas, de se jogar sobre mim na tentativa torpe de serem favorecidas. Hoje, gabo-me por nunca ter me aproveitado de minha posição, agindo com louvável profissionalismo.