Altares Impuros

Perditus est, mala qui sequitur vestigia pravi

Há anos, quando me descobri mau, desejei ser ingênuo, mas tal qualidade presta apenas aos adultos mais dissimulados. Não acredito em inocência, apenas em ignorância, portanto, restar-me-ia desejar ser ignorante quanto a minhas intenções e meus sentimentos, porém, nestes dias tristemente lúcidos, às vezes penso que por sadismo ou arrogância, faço questão de escancarar as entranhas mais grotescas de minha personalidade.
Por vezes, acho-me como um rato branco, uma pobre criatura perdida entre os muros de um labirinto de dimensões incabíveis, amparando miscelâneas de drogas em sua carcaça frágil, sempre ignorante de sua importância bestial em pró de uma ciência qualquer (ao que os molestadores da cobaia são os meus próprios humores).
Houve um tempo em que eu buscava burlar meus reais sentimentos, hoje, porém, posso me dizer uma fortaleza de meus vícios, demências e deformidades; um santuário imaculado de meus defeitos, tendo seu altar e seus ídolos cuidados por minha própria honradez, pois só assim posso afirmar que me sinto homem.