Vil Parasita

Hodie mihi, cras tibi

De súbito, detiveste-me entre as tuas mãos/Sem tolerar fuga ou resgate pela solidão/Permitiste-me como único prazer viver um futuro incerto/Deixaste-me temeroso por ter o pulso liberto.
Hei-me atado à tua cabeceira sem me rebelar por alforria/Ignorando teu rancor por eu me submeter todo o dia/Hei-me avilto, o vil parasita que sorve tua paz para si/Esperando encontrar em ti veias e capilares que não tenham fim/Hei-me em tronco, em cruz sacrificado pelo acaso/Porém, embriago-me em dor e por sofrimento sou sanado.
E caso me libertes, a mim restará baixa vingança/Ver-te-ei sofrer por me deter, então, apenas como vaga lembrança/Pois estarei em teu leito, teus pés enrijecidos e teu soro/Sob as tardes encortinadas, da solidão exasperada serei teu único consolo/Consumirei tua memória e tragar-me-á junto a teus comprimidos/Quando cederes às dores, far-me-ei os lenços e travesseiros que morderás para abafar teus gemidos...
Como se abafasse um pedido de perdão.