Parafraseio Nietzsche

Morienti cuncta supersunt

Já não me importa se renascemos ou morremos ao velar nosso cotidiano. Se não me restam certezas, não cultivo dúvidas sobre minha ignorância. Nada mais se faz valoroso ou indispensável quando confrontado com minha insignificância.
Quando encaro propensas boas ações, sofro pela desconfiança. Hoje, apenas as crueldades menos pueris distraem minhas frustrações. Portões foram cerrados e minha pureza se perdeu em meio às sombras do esclarecimento adulto.
A angústia, que outrora me parasitara, tornou-se minha hospedeira. Já não me diferencio do que há de doce e amargo em mim. Sou, para meu próprio paladar, uma massa intragável que não se distingue entre saborosa e ascorosa.
Saúdo Zaratustra, mas ignoro ter minha mediocridade compensada por quaisquer heroísmos. Parafraseio Nietzsche: Deus morreu, sim, mas foi quando eu já não pude mais crer em mim mesmo.