Vastidão Estéril

Bella geri placuit nullos habitura triumphos?

Parte do que há aqui não passa de entulho. Muito de mim são meros escombros, ruínas num cenário desolador, destroços de um passado malvisto, bombardeados esporadicamente pelo arrependimento, aquele tirano. Se tento erguer alicerces, o sítio desgraçado se vê novamente sob ataque.
Mesmo depredada, a vila ampara uns parcos sentimentos que sobrevivem fazendo de seu cotidiano par do caos que habitam: ferem-se por aconchego, abusam-se por arrebatamento, devoram-se por fartura. Sua existência está fadada a passar por penitência.
Esgueiram-se por entre memórias explosivas, convenientemente enterradas sob o vilarejo degradado, sedentas por mutilar os sobreviventes subversivos. Parem seus descendentes entre rejeitos inativos, educam-lhes até que se tornem adversários e se vejam obrigados ao canibalismo.
Há uma vastidão estéril em mim. Terras ignoradas ou temidas pelo regime que me declara homem, um solo contaminado pelo sofrimento mais mesquinho, habitado por criaturas indecorosas. Se tento erguer alicerces, vejo que já não há mágoa que caiba em tal paisagem maldita.