Bona Fide

Alterius non sit, qui suus esse potest

O gosto por escrever me trouxe o medo do que são capazes as palavras, por isso as censuro mesmo quando sei que queres me ouvir. Por outro lado, sei do valor do silêncio e, ao exigir diálogos tácitos, certas vezes, basta-me escutar as vozes que cada feição emite.
Dito isso, resta declarar que eu te perdôo, Lara, por teu segredo. Mesmo que contemple outra mentira em tua face, eu sempre te pouparei de qualquer constrangimento, pois, se mentes e eu vejo que dissimulas, trata-se de um momento autêntico.
Mais do que isso: tu és mulher. Sei que, desde os primórdios, resta como arma às mulheres mentir contra seus algozes. Sou varão e quero te limitar a meus braços, e a meus pés, e isso faz de mim teu carrasco enamorado.
Também quero que saibas, Lara, que enquanto eu estiver aqui, tu poderás mentir. E não te preocupes jamais, pois, posso parecer lúcido, mas não deixo de ser homem, logo, quando quiseres me manipular, conseguirás (mostramo-nos asseados, mas ainda somos bestas).