Estorvos Cativos

Minima de malis

Eu acreditava ser possível não encontrar obstáculos por evitar todos os caminhos, e não me preocupar com respostas por ignorar inquirições. Não me via no direito de julgar acasos, mas também resistia a qualquer dever. Dizia-me cansado demais para qualquer busca espiritual.
Mais tarde, exausto por fingir um falso desprezo por minha existência, eu me apeguei ao misticismo mais mundano. Tinha, então, o acaso como conseqüência de meus atos e seus desdobramentos eram ignorados em nome da confecção de uma nova casualidade.
Passados os gracejos hormonais, e já saciado por mediar todo o universo, eu me encontrei sem fé. Tendo meu espírito órfão aprisionado num corpo coxo, em diversas ocasiões desejei me tornar uma pessoa melhor, mas cada tentativa desaguava numa frustração vã.
Foi quando cresci. Não que tenha me rearranjado ou desde então rume ao Paraíso: eu apenas aprendi como distinguir meus feitios. Hoje, acolho minhas imperfeições e me sinto seguro e confortável por não tê-las mais espreitando meu cotidiano e amedrontando minha alma.