Felicidade Presente

Felix est non aliis qui videtur, sed si

Eu sou, sim, um cara feliz, e não o digo por sarcasmo. Gozo quando me vejo diante de algo belo que permite contemplação ou quando sou tomado por euforia, solitária ou comum. De fato, estou quase sempre alegre. Porém, quando me ponho diante de qualquer ciência, acabo por me deixar cair em angústias.
O niilismo me toma por inteiro, pois reconheço os traços feios do que há a meu redor, contemplo suas formas bizarras e vislumbro um futuro caótico. Eu sofro, sim, pelos que estão sofrendo, mas pouco. O desalento maior vem por meus filhos e seus filhos: aflige-me hoje as frações de sangue e esperança que pretendo lhes transmitir.
Eu padeço apenas quando não me entretenho numa atividade egoísta qualquer, ou seja, sofro em ocasiões raras. Pois, ao me despir de martírios inúteis, não vejo como não ser feliz, como não gozar da maravilha de se ser burguês num mundo sempre amparado, de delícias imediatas e pássaros elegantes que fazem casa dos transformadores e natureza que tremula entre os cabos-elétricos.