Amores Artrópodos

Amor opus laudat

Quando madura, a abelha-rainha deixa de botar ovos e sai da alcova pela única vez em sua vida. Os zangões, cavaleiros sem guerra da colméia, lançam-se atrás de sua alteza, que voa sedenta por paixões efêmeras. Em pleno vôo, os machões mais astutos fecundam-na. Gozando ou não, estarão condenados à morte: muitos perdem as vísceras junto à virgindade, os outros serão linchados pelas operárias ao retornar à colméia.
Há aranhas cujos machos são vinte vezes menores que as pretendentes. Muitas vezes, as fêmeas distraídas os confundem com o desjejum, mas os bravos enamorados continuam insistindo: invadem pé ante pé as teias da amada e copulam discretamente, sob pena de ter as vísceras vertidas em mingau caso peçam por alguma atenção.
Escorpiões e louva-deus são envenenados e decapitados por suas esposas depois do sexo. Poucos deles, raramente espertos, escapam do sacrifício. Se fossem homens, suas parceiras sanguinárias se frustrariam ao se virar armadas e se deparar com o amante vestindo as calças enquanto explica sua urgência em partir, pois no dia seguinte há um compromisso importante logo cedo.